quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Viva Platini, um gênio

Como jogador, ele encantou o mundo. Como dirigente, ele mudou a Fifa. Num evento antecedido de muitas suspeitas sobre venda de votos, a Fifa anunciou nesta tarde a escolha da Rússia para sediar a Copa de 2018 e do Qatar para a Copa de 2022. Surpreendentemente, a decisão é tomada 12 anos antes do evento (no caso dos árabes), dando muito tempo para os países se estruturarem.

As escolhas, confesso, pegaram-me no contrapé. Eu apostava numa opção mais segura; tendo em vista que a incerteza e preocupação com a capacidade das sedes reinaram por duas edições seguidas do Mundial (África do Sul e Brasil). Imaginei que Inglaterra ou Portugal/Espanha levariam a Copa de 2018, pois têm a estrutura já “pronta” e dariam mais tranqüilidade depois de dois mundiais trabalhosos.

Parabéns à Fifa. Aceitou a necessidade de trabalhar e está procurando incentivar o desenvolvimento de outros centros futebolísticos ao redor do mundo. Essa tendência surgiu com Michel Platini (ex-craque francês e presidente da Uefa), que determinou a alteração dos confrontos pré-grupos da UEFA Champions League e da Europa League de modo que possibilitassem a pequenos países o acesso às grandes receitas de televisão provenientes das fases avançadas desses dois torneios.

A Rússia é um dos exemplos do sucesso alcançado com essa política de Platini. Os soviéticos vibraram na última Eurocopa (2008) com uma inédita semifinal e com a conquista do Mundial Sub-17 (2006). Além das conquistas recentes com a seleção nacional, os russos puderam ver dois de seus times conquistarem a Europa League: CSKA (2005) e o Zenit (2008).

Alguns falaram após o anúncio desses dois países que eles pouco fizeram pelo futebol e que não conquistaram nada, como se isso fosse exigência para se realizar um bom Mundial. Esquecem-se, porém, que a realização de uma Copa do Mundo serve justamente para impulsionar o esporte no país. Foi assim com Coréia, Japão, Estados Unidos, África do Sul e, sim, está sendo com o Brasil.

Sei que muitas suspeitas envolvendo desvio de dinheiro e políticas sujas de parcerias podem surgir com essas escolhas. Principalmente por envolver dois países afundados no dinheiro do petróleo e do gás natural. No entanto, se é para dar uma chance ao futebol honesto, prefiro acreditar que a escolha foi baseada na política de valorização nos moldes da praticada pelo eterno craque Michel Platini.

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