A morte é encarada de diferentes formas nas mais importantes religiões do mundo e isso é determinante para entender como os indivíduos de uma sociedade se comportam diante de algumas situações. O papa católico, Bento XVI, já afirmara: “com a morte diante dos olhos, a questão do significado da vida torna-se inevitável”.
Observando como uma religião encara a morte, é possível, por exemplo, entender o que leva um homem-bomba a explodir o próprio corpo em nome da fé. No Islamismo, os adeptos acreditam que, se viverem de acordo com os ensinamentos divinos, seguirão tranquilos para a reencarnação. Porém, os que morrem em jihad (luta pela fé) vão direto para o paraíso.
No ritual de preparação do corpo dos mortos islâmicos, os familiares e amigos do mesmo sexo, e apenas eles, despem e lavam de três a cinco vezes o cadáver. Em seguida, o corpo é coberto por um sudário branco e perfumado com cânfora. As últimas palavras ouvidas pelos islâmicos devem ser o shahãdah, uma oração contra o demônio e de afirmação da existência exclusiva de Alá como Deus.
Há, no entanto, quem acredite na existência de três deuses: Brahma, Vishnu e Shiva. Esse é o caso dos seguidores do Hinduísmo, que têm a crença bastante incomum. Quando um hindu está prestes a morrer, por exemplo, o corpo é deitado no chão, a céu aberto e com a cabeça voltada para o Sul para que inicie o desprendimento entre alma e corpo.
Eles acreditam na reencarnação tanto em animais ou humanos, dessa forma, a alma volta várias vezes à vida até se libertar. Por isso, a preparação do corpo do falecido é feita como quem se prepara para uma festa. As mulheres são penteadas, os homens barbeados e ambos vestidos com boas roupas. Uma mortalha de tecido recobre o corpo dos pés à cabeça, deixando somente o topo do crânio descoberto.
Os judeus, por sua vez, acreditam que são apenas “hóspedes temporários” de passagem pela Terra. A alma sobrevive mesmo que o corpo tenha falecido. Eles não encaram a morte como tragédia e sim como algo natural. Se forem bons e dignos, a alma será recompensada no além. É comum que os familiares ofereçam donativos a entidades beneficentes para trazer conforto espiritual ao morto.
No velório do Judaísmo, o caixão é ladeado por velas para que o espírito encontre um caminho iluminado. Ninguém deve puxar conversa ou dar pêsames aos familiares já que os adeptos creem que nenhuma palavra pode expressar a dor. Na cerimônia, o caixão fica fechado e os presentes não comem, bebem, cantam nem ouvem músicas. Apenas acontece, em voz alta, a leitura de salmos e declarações das virtudes do falecido.
A mais conhecida e praticada no País, a religião cristã prega que o espírito vai para o céu ou para o inferno. Para os católicos, há o purgatório e para as outras denominações a morte é um sono até o dia do juízo. O destino varia de acordo com a vida do cristão. Por isso, quando da morte, familiares e amigos oram para que o falecido seja perdoado de seus pecados e alcance o paraíso.
Semelhante ao Hinduísmo, no Cristianismo, pela tradição católica, o corpo deve ser bem lavado, vestido com boas roupas e ungido com perfumes e especiarias. Todo o cuidado é pouco para quem se prepara para a vida eterna. Antes, porém, é comum que um padre faça a extrema-unção, passando óleo dos enfermos em seis partes do corpo: olhos, narinas, boca, ouvidos, mãos e pés.
Independente dos rituais, das crenças, da região em que é praticada a doutrina ou a influência de seus dogmas sobre a vida dos cidadãos no modo de pensar e agir, existe uma verdade absoluta que transcende a quantidade de deuses e quais são eles: a morte chega para todos. Porém, Benjamim Franklin sempre fez um alerta sobre ela, dizendo: “o homem fraco teme a morte, o desgraçado chama-a; o valente procura-a. Só o sensato a espera”.
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