sábado, 6 de fevereiro de 2010

Eles não são melhores do que nós

Neste sábado (06/02/2009), 13h de Brasília, Manchester United e Portsmouth entram no campo do Old Trafford para mais um jogo da Premier League. Os Diabos Vermelhos podem alcançar a primeira colocação da tabela enquanto o problemático Portsmouth luta para sair da incômoda última colocação.

Em princípio, nada de comum entre as duas equipes, mas os torcedores destes clubes podem muito bem se encontrar nos mais variados “pubs” da velha Manchester para discutir aspectos extra-campo que unem os dois clubes. A questão financeira é delicada para os dois lados... e isso acontece no que dizem ser o futebol mais organizado do mundo, o melhor administrado e modelo de sucesso para o futebol brasileiro.

A situação financeira caótica que vivem Portsmouth e Manchester se estende para outras potências futebolísticas da Europa. O que aconteceu com o Futebol no Velho Mundo? Além da Inglaterra, equipes italianas e espanholas se acabam em dívidas.

Na Espanha, somado só Valencia e Atlético de Madrid (clubes médios do país e que não ganham nada há bastante tempo), a dívida é maior que o montante da dívida dos 21 clubes mais devedores do Brasil. Isso ocorre num país em que os incentivos ao negócio chamado “Futebol” são enormes – chegando ao ponto do “governo” comprar o Centro de Treinamento do Real Madrid e doá-lo, dois meses depois, ao próprio clube merengue. Aliás, os incentivos também facilitam a vinda de jogadores de renome internacional. A Espanha é o país europeu em que o jogador de futebol menos paga imposto.

Na Itália, os clubes são tão mal administrados, tão envolvidos com a máfia e com a política do país que é até complicado achar números que apontem suas dívidas.

É fato que a recessão econômica mundial dos últimos 18 meses ajudou a aumentar a dívida dos grandes clubes europeus. As monstruosas dívidas, no entanto, já vinham de anos anteriores. Antes mesmo da compra do Manchester United pelos irmãos Glaziers, por exemplo, o clube apresentava dividendos superiores a um bilhão de reais. Hoje, pouco mais de três anos após a compra, a dívida é maior que o dobro disso. São mais de 300 milhões só de juros neste período. Em breve devo estar detalhando o que está acontecendo em Manchester.

O motivo deste post é apresentar uma outra face do futebol europeu. Eles podem ser os que mais arrecadam, mas estão longe de serem modelos de administração, de negócios, de futebol. Devem muito mais do que qualquer outro grande clube brasileiro, são reféns de empresários e, sim, dependem muito dos jogadores que surgem aqui para fazerem um espetáculo rentável lá.

Na Europa, os clubes não pertencem aos torcedores; são apenas clubes empresas artificiais que servem de brinquedos para entediados magnatas. Tome muito cuidado quando for apontar o futebol do velho mundo como modelo para o Brasil. Será que realmente queremos ver por aqui o que acontece por lá? O futebol por lá não é uma maravilha como dizem por aqui. Aqui os torcedores podem realmente dizer que são parte do seu clube.

1 comentários:

Ícaro disse...

Isso pra não falar das equipes pequenas que já estavam bem ferradas e que agora vivem de dinheiro oriundo de fontes desconhecidas ou até mesmo falsas (Man. City que os diga).
Não adianta dizer que existe o modelo de gestão perfeita, mas os dos esportes norte-americanos pra mim são um verdadeiro exemplo.
Não dá pra não negar que a maioria das equipes, seja de basquete, baseball, hockey ou futebol americano, são meros brinquedinhos caros dos seus donos mais do que tudo. Contudo, vemos que são ligas quase sem dívidas, muito bem controladas no aspecto competitivo e financeiro (pelo menos até a existência de mecanismos de paridade dos campeonatos, como drafts, a liberdade total de compra e venda de jogadores sem multas astronômicas [coisa que só existe no futebol]) e vários outros aspectos que beneficiam tanto a equipe, para que se mantenha no "jogo" como pro torcedor, que gasta seu dinheiro com gosto e sem ser refém de má administração.